Pré-candidato, Álvaro Dias ataca Temer: “Não tem como acreditar em quem chefia organização criminosa”

  • Por Jovem Pan
  • 22/09/2017 14h38
Johnny Drum/Jovem Pan

Álvaro Dias, senador pelo estado do Paraná, mudou de partido duas vezes nos últimos anos. Em 2015, saiu do PSDB para integrar o PV. Em 2017, filiou-se ao Podemos, antigo PTN, com o qual se lança agora pré-candidato à presidência nas eleições de 2018. E um de seus nortes nessa “pré-campanha” tem sido se posicionar contra o atual líder do executivo Michel Temer (PMDB). É o que reafirmou nesta sexta-feira (22) na bancada do Pânico na Rádio.

“O país está nervoso. O primeiro desafio é vencer a descrença. Se fizer uma pesquisa nas ruas, mais de 50% vão dizer que não querem votar em ninguém. Temos que convencer as pessoas de que é preciso tentar outra vez. Eu vou tentar me colocando à disposição”, disse. “Os governantes tentam conquistar a maioria do Congresso a qualquer preço, depois tentam apoio na sociedade e não obtém. A sociedade não aceita esse balcão de negócios. E mudar depende do Presidente da República. Se eu chegar à presidência, vamos tentar convencer a população de que as mudanças propostas serão em benefício dela. O Temer não consegue convencer ninguém que as reformas dele são favoráveis ao povo. Não tem como acreditar em quem chefia uma organização criminosa”.

O senador fez referência à segunda denúncia feita contra o presidente, enviada à Câmara dos Deputados para avaliação após votação afirmativa no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21). O peemedebista foi denunciado sob acusação de obstrução de Justiça e organização criminosa com base nas delações premiadas de executivos da JBS.

Os rumores sobre uma possível candidatura de Álvaro começaram a aparecer na época em que ele deixou o PSDB, ainda em 2015. Como o partido já apresentava dois nomes relevantes para a disputa presidencial, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o prefeito da capital paulista João Dória, ele não teria espaço ali para se lançar. Segundo ele, no entanto, sua saída se deu por outros motivos.

“Meu objetivo nunca foi esse. Saí por um modelo de partido em que as decisões são impostas de cima para baixo. Lutei para que o PSDB adotasse primárias, mas não fui vitorioso. O partido não exercita a democracia internamente. Não foi um projeto eleitoral que me motivou. Eu estava deprimido politicamente. Não podia mais falar em nome do partido (…). Na verdade, estou à procura de um partido que ainda não encontrei. No Podemos, participo de um movimento”, disse.

O convidado detalhou, então, algumas das desavenças que teve com a sigla. Ele relembrou que já havia sido afastado do PSDB durante o governo do também tucano Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002). Na ocasião, assinou a “CPI da Corrupção”, comissão criada para investigar escândalos que envolviam o então presidente, e não foi bem visto. Agora, a discordância veio por conta do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Álvaro foi a favor de um impeachment completo da chapa da petista com o vice Michel Temer; já o partido, aceitou o impeachment parcial apenas dela.

Questionado, por fim, sobre os possíveis cenários até agora imaginados para as eleições de 2018, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lideraria a corrida à frente de Jair Bolsonaro (PSC), Álvaro finalizou se colocando como “opção do Centro” – e adotando de vez o discurso de palanque.

“Temos vivido circunstâncias estranhas. Às vezes sou atacado porque me condenam ‘de Esquerda’, às vezes sou atacado porque me condenam ‘de Direita’. Isso só é bom no futebol (…). A meu ver, a solução está no Centro com programas sociais que não são propriedades da Esquerda e reformas do Estado que não são propriedades da Direita. Podemos sim compartilhar as teses e caminhar na direção do futuro”, concluiu.

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